Page 87 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Resumo




                  O presente trabalho busca colaborar com a literatura de reformas insti-
            tucionais ao avaliar o impacto sobre o resultado fiscal das Instituições Fiscais
            Independentes (IFIs, ou Conselhos Fiscais – CFs) implementadas em países
            emergentes e de economia avançada durante a última década. A principal contri-
            buição do estudo é a possibilidade de controle de variáveis não observáveis, tanto
            fixas como cambiantes no tempo, com grande potencial de interferência na traje-
            tória da variável de interesse. Com isso, reduzem-se de modo considerável as
            fontes de endogeneidade nas estimações e, consequentemente, a presença de viés
            nos resultados encontrados, preocupação recorrente de trabalhos anteriores.

                  Com base num painel de 58 países, estimamos uma versão modificada
            do Método de Controle Sintético (MCS) para múltiplos tratados com heteroge-
            neidade no ano de adoção da instituição. O período de estimação cobre os anos de
            2000 a 2022, com os dados dos seis últimos anos tomados das previsões oficiais do
            Fundo Monetário Internacional (FMI). O grupo de tratados é formado por vinte
            países, os quais dividimos em dois grupos: fortes e fracos. No primeiro, composto
            por nove países, incluem-se apenas as instituições que atendam a todas as carac-
            terísticas requeridas para sua plena efetividade, tais como independência política,
            participação no debate público e elaboração de previsões orçamentárias. O
            segundo grupo compõe-se de onze países, nos quais uma ou mais daquelas carac-
            terísticas estejam ausentes. Utilizamos como medida do comportamento fiscal dos
            governos o resultado estrutural (SB) como proporção do PIB potencial, em termos
            anuais. Os resultados encontrados apontam para a ausência de qualquer influência
            das instituições sobre a trajetória do SB, tanto nas avaliações de grupo quanto no
            nível individual dos países, sejam eles institucionalmente fortes ou fracos, mesmo
            controlando para influências de “efeito maturidade”. Tais achados revelam uma
            contribuição mais modesta ou inexistente das instituições para o desempenho
            fiscal dos países, na comparação com resultados de trabalhos anteriores. Ademais,
            atualizam com evidência empírica as novas recomendações de organismos inter-
            nacionais quanto ao tema.

                  A última seção do trabalho traça considerações a respeito da IFI brasileira,
            criada em 2016, à luz das recentes avaliações empíricas sobre o novo papel dessas
            instituições no contexto internacional. Ao cruzar os resultados obtidos nesses
            estudos com avaliações do panorama institucional fiscal brasileiro, a análise indica
            que o aperfeiçoamento da missão institucional da IFI pode contribuir com: (i) a
            redução do viés otimista e da amplitude do erro de previsão, ambos em aproxi-
            madamente 1 p.p., de variáveis macroeconômicas relevantes na elaboração do
            orçamento; (ii) a observância mais rigorosa no cumprimento das metas fiscais,
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