Page 121 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Dayson Pereira Bezerra de Almeida


            Anderson et al. (2014, p. 1) assim se pronunciam: “Em particular, importantes
            reformas do mercado de trabalho, voltadas à redução dos custos de ajustamento
            da mão de obra e à promoção do emprego, têm sido implementadas na Grécia, na
            Itália, na Espanha e em Portugal”.

                  Do ponto de vista teórico, a preocupação com o refinamento da legislação
            que regula o mercado de trabalho justifica-se, dado que “ao provocar distorções na
            maneira com que unidades de produção [firmas] reagem ao ambiente econômico,
            políticas trabalhistas podem levar uma economia a exibir menor produtividade”
            (LAGOS, 2001, p. 4). Em verdade, conforme assevera Lagos (2001), a regulamen-
            tação sobre as relações de trabalho tem implicações não apenas sobre a produti-
            vidade total de fatores (Total Factor Productivity, ou TFP, em inglês), mas também
            sobre  a  taxa  de  desemprego  e  a  criação  e  destruição  de  postos  de  trabalho.
            Entre outras consequências, o autor demonstra, por exemplo, que “políticas
            que dificultam a demissão tornam firmas menos dispostas a encerrar relações
            de trabalho improdutivas e buscar outras melhores, reduzindo a produtividade
            média dos postos de trabalho e, consequentemente, a TFP” (LAGOS, 2001, p. 37).
                  A análise empírica indica que tais reformas, flexibilizando normativos de
            proteção ao emprego (Employment Protection Legislation, ou EPL, em inglês),
            estão positivamente associadas ao crescimento da produtividade em economias
            emergentes ou avançadas. É que, em poucas palavras:

                  Limitações à flexibilidade  podem impedir ajustamentos tempestivos  requeridos
                  após choques, enfraquecendo a resiliência da economia. Por exemplo, a rigidez no
                  mercado de trabalho (especialmente com relação à fixação de salários, benefícios
                  ao desempregado e custos de demissão) pode contribuir para elevados números de
                  desemprego e baixo crescimento da produtividade (IMF, 2015, p. 13).

                  No mesmo sentido, Anderson et al. (2014) apontam o crescimento da
            produtividade do trabalho em seguimento a reformas no setor, e indicam, como
            antecipado, a materialização de reflexos fiscais advindos da mudança no regra-
            mento trabalhista. Em estudo acerca dos ganhos esperados sobre emprego e
            crescimento na zona do euro em decorrência de reformas estruturais, estimam
            impacto positivo de 3% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) real, no longo prazo.
            Especificamente:

                  Competitividade e produtividade do trabalho na zona do euro melhorariam no longo
                  prazo. [...] Haveria redução no custo unitário do trabalho, reforçada pelo declínio
                  no salário real resultante da maior oferta de trabalhadores. Com mais trabalhadores
                  disponíveis para produção, a demanda das firmas por capital também cresceria, e
                  o investimento seria permanentemente mais alto. [...] As implicações fiscais seriam
                  positivas [...] [pois] o declínio do gasto com seguro-desemprego acarretaria uma
                  queda no nível de endividamento governamental (ANDERSON et al., 2014, p. 9).


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