Page 235 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Jorge Eduardo M. Simões


                  A preocupação com essa problemática decorre do fato de que a insolvência da
            dívida produz efeitos negativos tanto no campo macroeconômico quanto no microe-
            conômico. Nesse sentido, um maior nível de dívida pode afetar a estabilidade dos
            preços, principalmente se precisar ser monetizada. Pode elevar a taxa de juros no longo
            prazo e impactar de forma negativa o mercado financeiro e as decisões de consumo
            e investimento por parte dos agentes econômicos (TABOSA et al., 2016). O aumento
            nos déficits pode ainda reduzir a quantidade ou a eficiência do investimento, provo-
            cando uma redução no crescimento econômico (MOSS; CHANG, 2003).
                  O presente estudo avalia a sustentabilidade da dívida pública dos estados
            brasileiros com base na teoria e na metodologia empírica proposta por Ostry et al.
            (2010) e Ghosh et al. (2013). De forma específica, são estimados o limite da dívida e
            o espaço fiscal de cada estado brasileiro para o período entre 2016 e 2020.
                  Para tanto, funções de reações fiscais dos estados brasileiros são estimadas
            para o período de 2000 a 2016. Conjugando o diferencial entre taxas de juros
            reais e crescimento econômico atual com os coeficientes estimados das funções de
            reações fiscais, determinam-se os limites das dívidas, e, na sequência, através da
            diferença entre o limite e a dívida atual, calculam-se os respectivos espaços fiscais
            para os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal.
                  Depois, a partir da previsão de um conjunto de variáveis,  são fornecidas
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            estimativas sobre os limites das dívidas e seus respectivos espaços fiscais em três
            cenários (otimista, mediano e pessimista), sendo estes específicos de cada estado
            brasileiro para o período entre 2017 e 2020.

                  Apesar do referencial teórico já ter sido aplicado aos estados brasileiros por
            Bastos e Pineda (2013) para o período de 2000 a 2011, a contribuição do estudo para a
            literatura é tripla. Primeiramente, corrige-se o problema de superestimação do limite
            da dívida e do espaço fiscal decorrente da suavização das flutuações econômicas. Para
            isso, utiliza-se o diferencial entre taxas de juros e crescimento econômico, ambas reais,
            no período atual, sendo a última variável específica de cada estado.

                  Em segundo lugar, o tamanho do painel mais amplo, entre 2000 e 2016, capta
            possíveis impactos sobre as finanças públicas estaduais da recessão econômica
            brasileira iniciada no segundo trimestre de 2014, da aceleração da inflação em 2015
            e de mudanças na legislação. Em terceiro lugar, são feitas previsões sobre o limite da
            dívida e o espaço fiscal no futuro em diferentes cenários. Esse exercício e suas infor-
            mações podem ser utilizados na elaboração dos orçamentos e na administração das
            dívidas públicas estaduais.

                  Seguindo-se a essa introdução, a seção 2 realiza um panorama fiscal dos estados
            brasileiros. Já a seção 3 apresenta a revisão da literatura sobre o tema, enquanto a
            seção 4 descreve a metodologia e a seção 5 discute os resultados. Na seção 6, por fim,
            as considerações finais.

            6   Taxa de juros Selic, inflação (IGP-DI), receitas correntes e próprias, despesas correntes, PIB e DCL.

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