Page 17 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Resumo




                  Este texto avalia o nível adequado de reservas para o Brasil segundo várias
            métricas disponíveis, bem como o custo fiscal de carregamento dessas reservas. O
            intuito é subsidiar a discussão a respeito da conveniência ou não de se alienar parte
            dos ativos externos e utilizar os recursos assim obtidos no abatimento da dívida
            pública. A decisão não é trivial, tendo em vista a dispersão dos níveis adequados
            apontados pelas várias métricas calculadas, entre US$ 93,1 e US$ 330,6 bilhões,
            conforme a métrica escolhida. A diferença entre tais valores e os atuais US$ 377,2
            bilhões de reservas detidas pelo país, descontados os swaps cambiais, corresponde
            a 1,3% e a 18,1% da Dívida Bruta do Governo Geral, respectivamente, números
            relativos a junho de 2017. Já os custos de carregamento calculados, líquidos do
            rendimento das reservas, variam em função da taxa Selic, mas, sobretudo, da taxa
            de câmbio, o que também dificulta a decisão acerca da venda de reservas, em
            vista da forte oscilação dessa variável nos últimos anos. Desconsiderando-se a
            taxa de câmbio, o custo de carregamento manteve-se entre 1% e 1,5% do PIB de
            2006 a 2014, mas subiu a 2,5% do PIB nos anos seguintes. Atualmente, o custo
            está em cerca de 2,3% do PIB, com tendência à diminuição, conforme indica a
            projeção apresentada no texto de 1,2% do PIB, ao final de 2018. Assim, a venda
            da parcela excedente das reservas e o uso dos recursos no abatimento da dívida
            pública diminuiriam o custo de 1,2% do PIB na mesma proporção, e, por conse-
            quência, os juros líquidos devidos e o déficit nominal do setor público. Conforme
            o nível adequado de reservas tomado como referência, a queda do custo iria de
            0,06% a 0,82% do PIB, o que indica potencial de contribuição relevante ao ajuste
            fiscal, considerando-se o atual déficit primário do setor público, de cerca de 2,5%
            do PIB. A opção pela venda das reservas consideradas excedentes envolve riscos
            relevantes, além das incertezas acerca do nível adequado de reservas e da evolução
            do custo de carregamento. Entre os riscos envolvidos analisados pelo texto estão os
            efeitos da providência sobre a taxa de câmbio e a possibilidade de uso dos recursos
            em gastos, em vez do abatimento da dívida pública, o que seria o pior resultado
            possível. Por isso, o texto recomenda uma estratégia gradual, capaz de testar os
            efeitos e verificar o uso adequado dos recursos. Por exemplo, em uma primeira
            etapa,  US$  60  bilhões,  compatíveis  com  quase  todas  as  métricas  calculadas,
            poderiam ser gradualmente colocados no mercado, à medida que a demanda por
            dívidas absorvesse a oferta extra, sem pressão sobre a taxa de câmbio. Ao mesmo
            tempo, a atuação coordenada do Banco Central e do Tesouro Nacional garantiria
            que a venda de reservas resultasse, ao fim e ao cabo, na redução proporcional
            do saldo das operações compromissadas da Autarquia e/ou no resgate líquido de
            títulos públicos em poder do mercado.


            Palavras-chave: Nível adequado de reservas. Custo de carregamento. Dívida pública.
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