Page 229 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Resumo




                  Com base nos trabalhos teóricos e empíricos de Ostry et al. (2010) e Ghosh
            et al. (2013), o presente estudo estima o nível máximo de dívida que os estados
            brasileiros podem contrair para não comprometer a solvência fiscal. Estima-se
            por Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis (MQGF) uma função de reação
            fiscal cúbica, que possibilita a fadiga fiscal, para dados em painel no período entre
            2000 e 2016. O objetivo é determinar o limite da dívida e o espaço fiscal para
            além do qual, sem medidas extraordinárias, a dívida é considerada insustentável.
            Além disso, pretende-se criar cenários futuros (otimista, mediano, pessimista)
            sobre o limite da dívida e o espaço fiscal. Os resultados empíricos indicam que
            há uma relação cúbica entre o superávit primário e a dívida pública defasada,
            segundo a qual, para baixos níveis de dívida, há uma pequena resposta em termos
            de elevação do superávit. À medida que a dívida aumenta, o saldo primário se
            eleva, mas a capacidade de resposta acaba se enfraquecendo e, em seguida, chega
            eventualmente a um ponto de fadiga fiscal em que a reação se torna negativa em
            níveis de dívida muito altos.
                  Os limites das dívidas dos estados brasileiros são bastante heterogêneos,
            variando entre 0,00% e 23,61%, com uma média de 5,46% dos respectivos PIBs.
            Os resultados dos espaços fiscais estimados refletem a atual crise vivenciada pela
            maioria dos estados brasileiros: dezoito dos 27 estados apresentam um hiato
            fiscal, ou seja, seus estoques de dívida/PIB já ultrapassaram os níveis máximos
            de dívidas. Em outras palavras, as dívidas desses estados apresentam trajetórias
            insustentáveis, com destaque negativo para Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio
            de Janeiro e São Paulo, cujos estoques de dívida/PIB estão, respectivamente, em
            21,37%, 20,87%, 16,29% e 13,40% além do nível máximo de dívida. Por outro
            lado, os estados do Amapá (18,32%), Roraima (8,14%) e Tocantins (3,52%)
            ocupam os três primeiros lugares no ranking de geração de espaço fiscal. Por fim,
            as perspectivas de espaço fiscal para os quatro anos seguintes (2017-2020) não
            foram favoráveis, com exceção do resultado obtido em um cenário otimista. Os
            demais cenários, mediano e pessimista, apontam que alguns estados brasileiros
            tendem a continuar enfrentando problemas fiscais relacionados à insolvência da
            dívida pública.

            Palavras-chave: Dívida pública. Estados brasileiros. Espaço fiscal.
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