Page 262 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Carlos Eduardo de Freitas e Nelson Leitão Paes


          como proposta de reforma previdenciária consideraram esses fatos, introduzindo
          um modelo matemático rigorosamente adaptado à economia brasileira. Por isso, os
          resultados apresentaram consistência analítica. Então, podemos afirmar que houve
          ganhos para as variáveis macroeconômicas, em específico o consumo agregado,
          capital, trabalho e produto, com mais intensidade durante o bônus demográfico.
          Porém, houve perda de bem-estar tanto para as gerações vivas durante a reforma
          quanto para as gerações nascidas após a mudança.



                               7 Considerações finais




               Este trabalho abordou a reforma da previdência proposta pela PEC n
                                                                                        o
          287/2016. Com base em um modelo de gerações sobrepostas (OLG), foram
          simulados três cenários: (i) sem reforma; (ii) com a reforma da PEC n° 287/2016;
          e (iii) com uma reforma que elimine o déficit previdenciário no longo prazo, o que
          implica aumentar a idade mínima para 72 anos.

               Os resultados apontam que sem a reforma o déficit previdenciário pode
          chegar a 25% do PIB, inviabilizando completamente o trabalho do governo federal,
          cuja arrecadação será inferior ao tamanho do déficit. Dessa maneira, não reformar
          a previdência social não é uma opção factível.

               A reforma proposta pela PEC n° 287/2016 oferece uma alternativa viável,
          mas que não representa uma solução duradoura para o problema fiscal. Nas
          simulações, o déficit previdenciário irá quase triplicar no longo prazo, saindo dos
          atuais 5% do PIB para 13,3% do PIB. Assim, a PEC n  287/2016 representa uma
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          solução de curto prazo, que irá necessitar de novas reformas no futuro.

               Já a elevação da idade mínima para 72 anos é capaz de eliminar completamente
          o déficit previdenciário no longo prazo. Com uma transição longa que se arrastaria
          até 2054, tal reforma representa uma alternativa bastante dura para a solução da
          questão previdenciária, não obstante os resultados bastante positivos na economia.

               As dificuldades para a aprovação das reformas aparecem nas variações de
          bem-estar. A PEC n  287/2016 já reduz o bem-estar de todas as gerações que hoje
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          estão na ativa e daquelas que virão, porém a elevação da idade mínima para 72
          anos implica perdas bastante superiores.
               Como não reformar não é uma opção, para uma solução duradoura da
          questão previdenciária será preciso estabelecer um déficit previdenciário aceitável
          e a fixação de uma idade mínima correspondente, que certamente ficará entre os 63
          anos (da PEC n  287/2016) e os 72 anos (capaz de eliminar o déficit previdenciário).
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