Page 55 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini


            destino não é algo que se possa garantir com segurança. Operacionalmente,
            a  venda de  divisas provocaria escassez de  liquidez  no mercado  e  tendência  a
            aumento da Selic acima do estipulado pelo Copom para controlar a inflação. Para
            evitar isso, o BCB supriria a liquidez faltante por meio do resgate de operações
            compromissadas. Como o saldo dessas operações entra no cômputo da DBGG,
            esse indicador também cairia.

                  Ocorre que, sem o firme compromisso com o uso dos recursos gerados pela
            venda das reservas no abatimento da dívida pública, o espaço aberto pela redução
            das operações compromissadas poderia ser usado para colocar mais títulos
            públicos no mercado, destinados a financiar gastos primários. Do mesmo modo
            que existem propostas no sentido de usar reservas para abater a dívida pública, há
            também sugestões de usos alternativos. Sempre seria possível argumentar que o
            retorno de usos alternativos supera a Selic, mesmo que esta seja somada a ganhos
            menos quantificáveis que o país possa ter ao conter a trajetória de rápido aumento
            do endividamento público.
                  Em caso de opção por uso alternativo, a venda de ativos estaria financiando
            gastos em vez de resgatar a dívida pública. Esse seria o pior cenário. A dívida
            líquida do setor público subiria e a preocupação com a trajetória da DBGG seria
            ainda maior, pois seria passada a mensagem de que os ativos não servem para
            abater a dívida, mas, sim, financiar gastos. Enfim, a venda de reservas somente
            beneficiaria a economia se destinada à redução da dívida pública. A queda no
            endividamento, por sua vez, contribuiria para a redução dos juros reais, o que
            tenderia a impulsionar os investimentos privados e, em última análise, o cresci-
            mento econômico.































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