Page 111 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Fernando Covelli Benelli


                  Os preditores contidos na tabela 3 refletem a média dos valores anuais das
            covariadas no período de 2000 até o ano de adoção do conselho. Podemos observar
            que a maioria desses valores é razoavelmente bem aproximada de seus corres-
            pondentes sintéticos, o que fornece evidência de confirmação da predição teórica
            para o presente caso. Uma importante ressalva merece ser dada quanto ao volume
            da dívida pública, que para muitos países apresentou montantes discrepantes
            na comparação com os obtidos pela estimação. Essa divergência pode se tornar
            problemática para a pesquisa se o volume da dívida estiver correlacionado tanto
            com a implementação do conselho quanto com a trajetória do resultado estru-
            tural. No entanto, as evidências obtidas na tabela 1A do apêndice parecem indicar
            que a decisão de reforma institucional é precedida antes por súbitas ocorrências
            de déficits fiscais do que pelo atingimento de certo estoque de dívida acumulada.
            Os mesmos comentários servem para os países do grupo de CFs fortes, como
            pode ser visto na tabela 3A do apêndice.



            4.2 Estimação dos efeitos dos Conselhos Fiscais



                  Passemos agora a investigar se os conselhos, avaliados individualmente
            ou em conjunto, apresentam alguma evidência de que interferem no resultado
            estrutural. O modelo econométrico aplicado nesta seção segue o de Cavallo et
            al. (2010), como formalmente exposto na seção 2. Trata-se basicamente de uma
            estimação de controle sintético com múltiplos tratados e heterogeneidade no
            tempo de tratamento. Os vinte países tratados são agrupados em fortes e fracos.
            A seguir, são construídos por combinação aleatória mil outros grupos de igual
            tamanho extraídos dos  países  de controle,  sem  reposição.  Estes são  chamados
            grupos de placebo, e presume-se, para efeitos de comparação, que tenham adotado
            o conselho no mesmo ano do tratado. A média dos efeitos no grupo tratado é
            então comparada com as mil médias dos grupos de placebo, e a significância é
            aceita caso o efeito médio analisado esteja entre os 5% maiores da distribuição, em
            valor absoluto. A tabela 4 mostra os resultados obtidos do controle sintético com
            múltiplos tratados para o subgrupo CFs fortes.

















                                             Finanças Públicas – XXIII Prêmio Tesouro Nacional – 2018 109
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