Page 204 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Sérgio Wulff  Gobetti, Rodrigo Octávio Orair e Frederico N. Dutra


              Gráfico 10 – perda decorrente da qUeBra estrUtUral do piB potencial



























          Fonte: Elaboração dos autores.
          Nota: Eixo da esquerda corresponde às séries do PIB potencial e PIB potencial projetado. Eixo da direita corresponde à
          perda decorrente da quebra estrutural.


               Além disso, considerando a elasticidade próxima da unidade estimada neste
          estudo, é pouco provável que a recuperação econômica propicie uma elevação da
          arrecadação acima do PIB, contribuindo para o aumento do resultado primário.
          Outros fatores cíclicos menos relevantes, como o preço do petróleo ou as receitas
          patrimoniais, podem ajudar, mas não o crescimento econômico.

               Na prática, o crescimento econômico só deve contribuir signifi cativamente
          para o ajuste fi scal pelo lado da despesa, caso a regra do teto do gasto (que limita
          o crescimento das despesas agregadas à infl ação) seja cumprida. Se a economia
          crescer a uma taxa média de 2% ao ano nos próximos dez anos, a despesa em
          proporção do PIB será reduzida em cerca de três pontos porcentuais do PIB, mas
          ainda assim o resultado fi scal será insufi ciente para estabilizar a dívida pública.
               A tabela 17 mostra que, no atual patamar de dívida (50% do PIB em termos
          líquidos e 80% em termos brutos) e considerando o diferencial de taxa de juros
          que incide sobre passivos (títulos públicos) e ativos (reservas cambiais, recursos
          do FAT e créditos do Tesouro junto ao BNDES, por exemplo), o superávit primário
          requerido para estabilizar o endividamento é da ordem de 3% do PIB com a taxa
          ofi cial de juros em 9% e a economia crescendo a 2%.

               Reduções adicionais na taxa de juros contribuirão para reduzir o esforço
          fi scal necessário, mas não são sufi cientes para garantir a sustentabilidade fi scal,
          considerando que partimos hoje de uma situação de défi cit estrutural da ordem



          202   Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017
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