Page 263 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Jorge Eduardo M. Simões


                                  6 Considerações finais




                  Este  estudo  contribui  para  a  literatura  sobre  sustentabilidade  da  dívida
            pública ao estimar o quão alta pode ser a dívida dos estados brasileiros sem que
            comprometam sua solvência. Além disso, à época em que foi desenvolvido, o
            trabalho projetou cenários relativos aos limites das dívidas e ao espaço fiscal de
            cada estado para os anos de 2017 a 2020.
                  Com esse fim, a pesquisa utilizou dados em painel entre os anos de 2000 e
            2016. O painel é balanceado e toma como unidade de observação os estados brasi-
            leiros e o Distrito Federal, totalizando uma amostra de 459 observações.
                  Os resultados empíricos evidenciam que existe uma relação cúbica entre o
            superávit primário e a dívida pública defasada. Esse resultado corrobora o encon-
            trado por Ostry et al. (2010), para um conjunto de economias industriais; por
            Ghosh et al. (2013), para um conjunto de 23 economias desenvolvidas; e também
            por Bastos e Pineda (2013), para os estados brasileiros no período de 2000 a 2011.

                  A função cúbica  utilizada  na  forma funcional  da equação de  reação do
            excedente primário indica que, para baixos níveis de dívida, há uma pequena
            resposta em termos de elevação do superávit. À medida que a dívida aumenta, o
            saldo primário se eleva; entretanto, a capacidade de resposta acaba se enfraque-
            cendo e depois chega eventualmente a um ponto de fadiga fiscal em que a reação
            se torna negativa em níveis de dívida muito altos.
                  Os resultados sobre o limite da dívida são bastante heterogêneos, variando
            entre 0,00% e 23,61%, com uma média de 5,46% dos respectivos PIBs. Ou seja, os
            estados podem comprometer em média 5,46% dos seus PIBs com dívidas.

                  Vale destacar que em seis estados brasileiros (Minas Gerais, Rio Grande do
            Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul), os limites das dívidas
            são de 0,00% dos respectivos PIBs. Isso significa que esses estados já chegaram
            aos limites máximos de dívida. Logo, nesses casos, as dinâmicas das dívidas já se
            encontram em trajetórias insustentáveis. Além disso, os três primeiros têm como
            agravantes o descumprimento dos limites de endividamento estabelecido pela Lei
            de Responsabilidade Fiscal e sérios problemas de liquidez de caixa.

                  Por outro lado, nove estados apresentaram limites de dívida acima da média
            estadual,  com  destaque  para  Amapá,  Roraima  e  Acre,  cujos  limites  foram  da
            ordem de 23,60%, 20,35% e 19,67% dos respectivos PIBs.

                  Os resultados dos espaços fiscais, por sua vez, revelam a crise vivenciada
            pela maioria dos estados brasileiros no ano de 2016. Dos 27 estados, dezoito
            apresentam espaços fiscais negativos, ou seja, nesses estados há um hiato fiscal em


                                             Finanças Públicas – XXIII Prêmio Tesouro Nacional – 2018 261
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