Page 124 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Dayson Pereira Bezerra de Almeida
Entre as vantagens do uso de tal ferramenta, pode-se apontar:
1. a versatilidade do modelo: ao unir avanços da economia computacional a
tradicionais séries econômicas, o modelo é capaz de estimar parâmetros
estruturais da economia, variáveis latentes e choques que geram flutuações
econômicas, além de oferecer projeções e servir como laboratório para a
produção de experimentos com o objetivo de analisar e antecipar prováveis
efeitos de mudanças na política (HUNTLEY; MILLER, 2009);
2. a consistência interna: modelos DSGE formalizam o comportamento
de agentes econômicos a partir de microfundamentos e expectativas
racionais; como resultado, são menos vulneráveis à crítica de Lucas – ou
seja, não confiam inteira e unicamente em dados históricos para antecipar
os efeitos de uma dada mudança na política econômica (CLANCY;
MEROLA, 2014).
Tendo em conta as vantagens acima enumeradas, o modelo DSGE desponta
como escolha natural diante do objetivo declarado desta pesquisa, a saber, avaliar
o impacto econômico da reforma trabalhista discutida pelo Congresso. Evidente-
mente, o tratamento dado pelo modelo ao mercado de trabalho é de fundamental
importância, uma vez que os canais de transmissão dos efeitos da reforma residem
primordialmente em tal bloco. A seção seguinte explicita a abordagem adotada
(search and matching), após brevíssima recapitulação acerca de como evoluiu a
modelagem macroeconômica do mercado de trabalho nas últimas décadas.
4.2 Search and matching em modelos DSGE
O modelo de search and matching resulta de teoria microfundamentada para
estudar a dinâmica do mercado de trabalho e pode ser combinado com modelos
igualmente microfundamentados (tal como o DSGE) que se dediquem a inves-
tigar inflação e demanda agregada. Previamente à caracterização de tal modelo e
para melhor compreendê-lo, é útil discorrer, de passagem, acerca da antecedente
pesquisa que resultou em tal framework como escolha dominante em termos de
modelagem econômica do mercado de trabalho nos dias atuais. 2
Até a década de 1970, o estudo do mercado de trabalho apresentava clara
divisão teórica: de um lado, a visão clássica, que se apoiava em argumentos
de cunho microeconômico para explicar as relações entre os agentes e, como
resultado, valorizava as forças que livremente conduzem o mercado para um
ponto de equilíbrio; noutro giro, a corrente de cunho keynesiano, mais inclinada
2 A narrativa é forte e inteiramente baseada em Krause e Lubik (2014).
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