Page 126 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Dayson Pereira Bezerra de Almeida
microfundamentados em que a presença de custos de menu, racionalidade
imperfeita ou contratos prefixados justificaria, do ponto de vista teórico, a rigidez
de preços e salários empiricamente observada. Em ambas as abordagens (RBC
e modelos neokeynesianos), contudo, o mercado de trabalho era tratado como
competitivo, deixando-se o desemprego fora do modelo, no mais das vezes.
A agenda de pesquisa, portanto, chegou ao modelo de search and matching
motivada pela busca de uma teoria em que o desemprego fosse um resultado de
equilíbrio.
A literatura de search and matching é dominada pela contribuição seminal
de Diamond, Mortensen e Pissarides. Os autores formalizaram a ideia comumente
aceita da existência de atrito no mercado de trabalho (KRAUSE; LUBIK, 2014):
trabalhadores procuram emprego, firmas buscam trabalhadores; na presença de
informação imperfeita sobre as características dos agentes envolvidos, o processo
que envolve a celebração do vínculo empregatício (match) torna-se custoso.
Para o trabalhador, a busca por emprego dá-se num cenário em que existe
concorrência de outros ofertantes de mão de obra, podendo haver escassez de
vagas ou mesmo ausência de demanda por suas habilidades específicas. Ao mesmo
tempo, caso decida não engajar-se no mercado de trabalho, o trabalhador pode
receber benefícios como seguro-desemprego e/ou se dedicar a atividades domés-
ticas.
Firmas, de seu lado, enfrentam custos para contratar novos empregados,
tais como despesas com divulgação de vagas abertas e com seleção de candidatos,
entre outros. À semelhança do que ocorre no lado da oferta, firmas também
experimentam competição de outras firmas no processo de contratação, podendo
haver escassez de trabalhadores aptos ao emprego.
Uma função do tipo Cobb-Douglas, que relaciona a formação de vínculos
empregatícios à quantidade de vagas e ao esforço do trabalhador na busca por
emprego, captura tais interações e representa a dificuldade dos agentes para
encontrar um parceiro adequado, servindo-se para ilustrar o atrito no mercado
de trabalho (HERTWECK, 2010). Das decisões tomadas por ofertantes e deman-
dantes, o desemprego surge, então, como resultado de equilíbrio (KRAUSE;
LUBIK, 2014).
Com relação à dinâmica salarial, esta resulta do processo de barganha entre
trabalhadores e firmas, em que ambos são monopolistas:
Em cada período, firmas e trabalhadores barganham acerca do salário real, indepen-
dentemente se o vínculo entre ambos é novo ou preexistente. O salário é fixado de
acordo com uma negociação de Nash. Ao final, trabalhador e firma partilham o
superávit conjunto (BAAS; BELKE, 2014, p. 11).
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