Page 155 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Sérgio Wulff Gobetti, Rodrigo Octávio Orair e Frederico N. Dutra


            por dentro a metodologia de estimação do PIB potencial, também se submetem
            as estimativas a uma ferramenta de avaliação de plausibilidade e aplica-se uma
            média móvel para se obter uma tendência mais estável que sirva de benchmark ou
            referência para analisar se a política fiscal é expansionista ou contracionista.

                  Além disso, o debate sobre esse tema tem ensejado a proposição de
            enfoques alternativos ao “balanço estrutural” para mensurar o impulso fiscal,
            como a abordagem narrativa de Romer e Romer (2010), que busca medir o sinal
            e a magnitude dos impulsos pela análise descritiva dos documentos oficiais, dos
            relatórios nos quais as autoridades fiscais e tributárias enumeram suas medidas
            discricionárias e seus impactos orçamentários.

                  Contudo, esse tipo de abordagem alternativa depende da qualidade dos
            documentos oficiais, de que não superestimem ou subestimem os efeitos das
            medidas, como é comum acontecer, principalmente em se tratando de projeções
            ex-ante presentes nas propostas orçamentárias. Além disso, não resolve o problema
            de se mensurar efetivamente a situação estrutural das finanças públicas, neces-
            sária para mensurar o esforço fiscal que precisa ser feito para retomar o equilíbrio
            das contas públicas.

                  Desse modo, o atual estudo também busca avançar na proposição de uma
            abordagem mista, que utilize simultaneamente os dados descritivos dos documentos
            oficiais  e  procedimentos  de  ajustamento  cíclico  para  produzir  indicadores  que
            sirvam tanto para o monitoramento da política fiscal, quanto para a avaliação dos
            resultados atuais, sob o ponto de vista da sustentabilidade da dívida pública.
                  A ideia é que  os indicadores  produzidos por  essa abordagem  sejam o
            mais robustos possível e não conduzam a conclusões que contrastem de forma
            tão aberrante com o que a intuição econômica mais elementar depreende da
            realidade. Por exemplo, é implausível que um indicador das receitas ajustadas ao
            ciclo apresente queda expressiva numa conjuntura como a atual, na qual o ciclo de
            desonerações tributárias foi interrompido e, em alguma dose, revertido.
                  Nesse sentido, o presente estudo explora quatro possíveis brechas das
            metodologias convencionais de ajustamento ao ciclo que podem estar por trás de
            resultados aparentemente contraintuitivos: 1) as estimativas propriamente ditas
            do PIB potencial (ou tendencial) e as alternativas para lidar com os problemas
            identificados na literatura empírica; 2) a possibilidade de variação das elastici-
            dades conforme a posição do ciclo econômico; 3) a dificuldade de identificação
            dos efeitos cíclicos em receitas não tributárias, como dividendos e royalties; 4) os
            critérios para exclusão (ou redistribuição temporal) de eventos não recorrentes
            que afetam significativamente os resultados fiscais.

                  Por fim, a monografia faz considerações sobre os impactos dos resultados
            obtidos e do modelo proposto para o design da política fiscal.



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