Page 255 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Carlos Eduardo de Freitas e Nelson Leitão Paes


            e a relação capital-trabalho ficou na ordem de 0,6131. Após algumas variações, os
            salários chegam ao seu novo estado estacionário a partir do período 80, e a relação
            capital-trabalho fica próxima a 0,75.
                  As  taxas  de  juros,  apesar  de  permaneceram  mais  elevadas  do  que  o
            estado estacionário (3,60%) durante todo o período de transição para ambas
            as políticas previdenciárias propostas, são também influenciadas pelo q  e pela
                                                                                    t
            relação investimento-capital. Para PEC n  287/2016, a diferença da relação entre
                                                     o
            q , investimento-capital e capital-trabalho para o primeiro período foi de 10,27
              t
            contra 9,67  da  IDM72. Com  isso,  quanto menores forem essas  relações entre
            investimento, capital e trabalho, maior é o efeito final sobre a taxa de juros. Nas
            simulações previdenciárias, essa relação atinge seu estado estacionário no período
            70 em torno de 10,88 (PEC n  287/2016) e 9,24 (IDM72), em que a taxa de juros
                                         o
            alcança seu novo estado estacionário em média 4,17% e 5,07%, respectivamente.
            Em comparação com a simulação SPPrev, a relação investimento, capital e trabalho
            para o primeiro período foi de 12,36, intensificando a queda na taxa de juros de
            -1,66% (r : 3,54%) e atingindo o novo estado estacionário em média de 13,90 e
                      t=0
            uma taxa de juros de 2,97%.
                  É imprescindível considerar o fato de a transição demográfica afetar de
            maneira considerável  as contas  previdenciárias.  Pesquisadores apresentam
            conclusões opostas sobre o papel do crescimento populacional sobre as variáveis
            econômicas. Para Coale e Hoover (1958), o rápido crescimento populacional é
            prejudicial, pois tende a inibir o progresso tecnológico e a acumulação de capital,
            que induziriam o crescimento econômico. Também apresentam a mesma ideia os
            trabalhos de Ehrlich (1968), Bloom e Williamson (1998).
                  Porém, Boserup (1981), Kuznets (1967) e Simon (1981) enfatizaram uma
            ideia contrária, segundo a qual o rápido crescimento populacional permite que
            os países capturem economias de escala e promovam inovações tecnológicas e
            institucionais. Há também autores como por Bloom e Freeman (1986) e Kelley
            (1988) que destacam o crescimento populacional como fator de pouca relevância
            sobre o crescimento econômico.

                  Atualmente  as  pesquisas  nessa  área  transferiram  o  foco  da  análise do
            crescimento populacional para o perfil demográfico da população, isto é, o
            comportamento das taxas bruta de fertilidade e mortalidade.

                  Thompson (1929) foi o pioneiro a dividir a transição demográfica em fases.
            A primeira fase da transição  demográfica é  marcada  por elevadas taxas  de
            natalidade compensadas por altas taxas de mortalidade. Muitas crianças morreram
            antes de atingir a idade adulta. A expectativa de vida é baixa, mas, em média, mais
            crianças nasceram para cada mãe. Na segunda fase, os índices de mortalidade
            iniciam uma importante descida motivada por diferentes razões: a melhoria nas


                                             Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017 253
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