Page 168 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Sérgio Wulff Gobetti, Rodrigo Octávio Orair e Frederico N. Dutra


               2.  Neste mesmo ano, a NAWRU passou a ser estimada por um modelo
                   bivariado de espaço de estados, contendo uma especificação de curva de
                   Phillips, mas que permite a inclusão de variáveis exógenas de controle
                   (participações do trabalho na renda total, mudanças na produtividade
                   do trabalho, etc.) e de componentes autorregressivos e de média móvel
                   (D'AURIA et al., 2010).

               3.  Em 2014, a Comissão Europeia ampliou o arcabouço de estimação
                   da  NAWRU  para  cobrir  um  conjunto  mais  amplo  de  supostos  sobre
                   as expectativas, tanto a especificação tradicional  da curva de  Phillips
                   (expectativas adaptativas) quanto a curva de Phillips neokeynesiana
                   (híbrida de expectativas adaptativas e racionais), que são selecionadas
                   de acordo com o melhor ajustamento aos dados de cada país membro
                   (HAVIK et al., 2014).

               4.  No último relatório de projeções econômicas de 2016 (CE, 2016), foi
                   introduzida nova mudança na metodologia da Nawru prevendo a possi-
                   bilidade de se utilizar a ancoragem das estimativas de desemprego estru-
                   tural, seguindo a metodologia de Orlandi (2012) que faz uso de um
                   modelo multivariado com variáveis de mercado de trabalho (grau de
                   sindicalização, gastos em políticas de mercado de trabalho, etc.).
               No entanto, a despeito de todo esse processo de ajuste fino metodológico
          que deve se manter pelos próximos anos, há o reconhecimento de que a incerteza
          em relação ao produto potencial nunca será completamente eliminada e que
          permanecerá sendo uma fonte de preocupação, tal qual explicitado no próprio
          relatório da Comissão Europeia (HAVIK et al., 2014, p. 47-48). Esse reconheci-
          mento da presença de incertezas e fragilidades inerentes à metodologia é inclusive
          uma das razões que motivaram a Comissão a introduzir, desde o final de 2016,
          uma “ferramenta de plausibilidade” que é utilizada para auxiliar na identificação
          de resultados implausíveis (ou contraintuitivos) e fornecer em alguns casos uma
          alternativa ao hiato do produto calculado pela função de produção.

               Na próxima subseção, apresentaremos essa ferramenta com maiores
          detalhes. Antes disso, convém discutir alguns resultados da abordagem da função
          de produção no Brasil e principalmente os cálculos próprios, nos quais imple-
          mentamos alguns dos recentes avanços metodológicos desenvolvidos no âmbito
          da Comissão Europeia.

               Na literatura brasileira, é possível identificar três recentes estimações
          com  dados  do PIB  das  contas  nacionais trimestrais.  A primeira é  de  Areosa
          (2008), que foi publicado como “Texto para Discussão” do Banco Central. O
          autor utiliza uma formulação simplificada da função de produção que não exige
          dados da PTF e dos estoques de capital e de trabalho, cuja estimação é feita por


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