Page 196 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Sérgio Wulff Gobetti, Rodrigo Octávio Orair e Frederico N. Dutra


          lentamente pelo indicador, sem distorcer a mensuração do esforço fiscal efetivo.
               No presente estudo, adotaremos essa abordagem de análise da despesa, junto
          com a variação das receitas ajustadas ao ciclo (e, alternativamente, a estimativa
          direta do impacto das medidas tributárias) para estimar o impulso da política
          fiscal. Desse modo, a variação no resultado estrutural (já líquido do componente
          cíclico e não recorrente) poderá ser decomposta em três subcomponentes:
               1.  Impulso fiscal pelo lado das despesas e receitas tributárias.









               2.  Variação das receitas patrimoniais (royalties e dividendos) ajustadas, por
                   exemplo, ao preço médio do petróleo, de acordo com uma função deter-
                   minística.





               3.  Resíduo relacionado ao componente estrutural (mudança no PIB potencial)
                   e eventuais imperfeições em mensurar o componente cíclico.
               Os resultados do balanço estrutural e dos seus componentes variáveis serão
          apresentados a seguir, em três seções, e ao final do capítulo concluiremos com
          uma avaliação sobre os impactos desses indicadores sobre a sustentabilidade de
          longo prazo da política fiscal.



          5.1 Os componentes cíclicos das receitas tributárias e petrolíferas



               O componente cíclico das receitas tributárias foi estimado tomando como
          referência as elasticidades do capítulo 3 e o hiato do produto estimado no capítulo
          2 a partir da metodologia da Comissão Europeia (bem como outras estimativas de
          PIB potencial por função de produção existentes no Brasil).

               Dada a evidência de quebra estrutural das elasticidades em 2003, relacionada
          às mudanças na tributação, optou-se por utilizar a elasticidade média de longo prazo
          obtida pela metodologia DOLS para os agregados de receita líquida e bruta subme-
          tidos aos ajustes de taxcorrection e atipicidade (ou seja, 1,12 para RL e 1,08 para RB). 31


          31   Não se utilizaram, dessa forma, as elasticidades de curto prazo encontradas pelo modelo de threshold para tempos
             “normais” e “extremos”, considerando a complexidade envolvida em uma eventual diferenciação dos trimestres e por
             parcimônia no que se refere à metodologia aplicada.
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