Page 69 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Helder Ferreira de Mendonça e Joseph David B. Vasconcelos de Deus
iii. os estudos que procuram verificar a hipótese de forte racionalidade
das previsões geradas com base nos fatores determinantes dos erros de
previsão (por exemplo, PLESKO, 1988; GENTRY, 1989; AUERBACH,
1995, 1999; JENNES; ARABACKYJ, 1998; STRAUCH; HALLERBERG;
VON HAGEN, 2004; BRUCK; STEPHAN, 2006; PINA; VENES, 2011).
Em adição à literatura mencionada acima, as metodologias que fazem uso de
dados revisados (ex post) e de dados em tempo real (real-time) são frequentemente
colocadas em avaliação na análise dos erros de previsão fiscal (ver, por exemplo,
BEETSMA et al., 2011; CIMADOMO, 2012). A conclusão que tem ganhado maior
força é a de que o uso de dados em tempo real importa para algumas questões de
política econômica que envolva o uso de previsão, bem como que os resultados
fiscais divergem quando comparados com dados revisados.
Dados revisados têm preocupado os economistas há muitos anos. Conforme
3
apontado por Koenig, Dolmas e Piger (2003), os gestores de política econômica
têm de basear as suas decisões em dados preliminares (estimativas temporais
baseadas em informações limitadas) e parcialmente revistos, uma vez que os
dados mais recentes são normalmente os menos confiáveis, pois representam um
indicador ruidoso para valores finais. Sob essa perspectiva, Stark e Croushore
(2002) concluem que em estudos no qual a previsão possui papel relevante é
adequado fazer uso de dados em tempo real em vez de dados finais revisados.
Os dados em tempo real refletem a informação disponível ao gestor de
política econômica no momento em que as suas decisões são tomadas. No entanto,
embora a literatura reconheça o potencial do uso de dados em tempo real, há
ainda uma grande dificuldade, sobretudo para o caso de economias emergentes,
de encontrar bases de dados que permitam o uso dessa metodologia. No caso
brasileiro, o uso de dados em tempo real é possível por meio da coleta de infor-
mações a partir do Relatório Focus divulgado pelo BCB.
2.1 Sobre a mensuração do erro de previsão fiscal
A adequação da execução orçamentária ao seu planejamento tem como
referência uma literatura que envolve os modelos de resposta fiscal (BIHN;
MCGILLIVRAY, 1993; FEENY; MCGILLIVRAY, 2010). O objetivo do tomador
de decisões fiscais é a maximização da sua utilidade, que é obtida quando se atinge
o equilíbrio das contas públicas. A utilidade será maior quanto mais próximos os
elementos do orçamento estiverem dos respectivos valores planejados. Ou seja:
(2.1)
3 Ver Croushore (2011).
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