Page 71 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Helder Ferreira de Mendonça e Joseph David B. Vasconcelos de Deus


            onde: R significa as receitas arrecadadas pelo governo; D são as despesas; e os
            sobrescritos e subscritos são, como na equação anterior, utilizados para se referir
            aos respectivos anos de elaboração e aplicação.
                  Duas  metodologias distintas  se confrontam na  tentativa de oferecer  a
            melhor explicação para os erros de previsão fiscal. Ambas são bastante utilizadas
            na estimação de regras fiscais, mas têm ganhado aplicabilidade em outros estudos
            que envolvem desempenho da política fiscal. A primeira delas é a análise que
            utiliza dados ex post, isto é, dados revisados pelas instituições que os elaboram
            e que têm pouco poder de captar a conjuntura no momento em que os planos
            são elaborados. A segunda consiste em uma análise baseada em dados em tempo
            real, metodologia que utiliza dados que estão disponíveis no momento em que as
            decisões estão sendo tomadas pelos seus responsáveis.

                  A metodologia de dados  ex post para calcular o erro de previsão tem
            maior utilização devido à facilidade em se encontrar uma base de dados. Artis e
            Marcellino (2001), por exemplo, calculam o erro de previsão de variáveis fiscais
            subtraindo o valor atual (revisado) do valor previsto. O intuito deles é verificar a
            acurácia, eficiência e tendenciosidade das previsões fiscais dos países do G7 feitas
            por três grandes instituições internacionais (FMI, OCDE e Comissão Europeia).
                  A análise do desempenho das previsões orçamentárias e de crescimento
            econômico para o período de 1991 a 2002 na Europa, bem como os seus determi-
            nantes, é tratada com dados ex post por Strauch, Hallerberg e Von Hagen (2004).
            Os autores definem o erro de previsão como o valor atual (em dados revisados)
            menos o valor previsto (previsão retirada dos programas de convergência e
            estabilidade de diversos países europeus). O erro de previsão médio (EM), o erro
            absoluto médio (EAM) e a raiz do erro quadrático médio (REMQ) são calcu-
            lados e testados estatisticamente quanto à sua acurácia e eficiência em diversos
            horizontes de tempo para países da União Europeia. Os resultados mostram que
            diferenças emergem para o viés nas projeções orçamentárias entre os países.
            Alguns países apresentam um viés cauteloso (baixo), enquanto outros têm um
            viés otimista (ou seja, quando as projeções orçamentárias são superestimadas em
            grande magnitude).

                  Com o objetivo de encontrar os determinantes dos erros de previsão do
            balanço orçamentário para dezessete países que compõem a OCDE, Brück e
            Stephan (2006) fazem uso de dados ex post publicados pela Comissão Europeia.
            O erro de previsão de 1 ano à frente do déficit é calculado como o valor do déficit
            “Y” previsto no ano t para o período t+1 menos o valor do déficit (ou superávit)
            atual do período t+1, isto é:

                                                                                      (2.5)



                                             Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017 69
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