Page 157 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Diego Pitta de Jesus




























            Fonte: Banco Mundial.
                            Figura 1 – Frequência doS tipoS de regraS FiScaiS



                  Eyraud et al. (2018) ressaltam que, em relação aos países em desenvolvi-
            mento, em geral, há três características que afetam a eficácia e a implementação
            das regras: (1) ambiente macroeconômico volátil, (2) dificuldades para estabilizar
            o gasto público e (3) grandes necessidades de desenvolvimento. Assim, o desenho
            das regras fiscais precisa refletir essas características.
                  Não é difícil perceber que o Brasil possui traços semelhantes aos elencados
            pelos autores. Para conter esses problemas foram adotados alguns programas
            e medidas, com destaque para o Plano Real, o regime de metas para a inflação,
            o regime de câmbio flutuante e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proporcio-
            naram maior estabilidade macroeconômica para o país. No entanto, após a crise
            do subprime, o governo adotou políticas anticíclicas para evitar a desaceleração da
            atividade econômica, que repercutiram, sobretudo, na arrecadação tributária brasi-
            leira. Entre elas se destacam a redução do imposto sobre os produtos industriali-
            zados de bens duráveis, fato que culminou no aumento do passivo governamental,
            e a instituição em 2011 da lei nº 12.546, que determina a desoneração da folha de
            pagamentos com o propósito de substituir a incidência da contribuição previden-
            ciária patronal sobre a folha de salários pela incidência sobre o faturamento.

                  Araujo, Siqueira e Besarria (2017) afirmam que, passado o epicentro da crise,
            o resultado primário se restabelece e volta a crescer. Em meados de 2011, contudo,
            observa-se uma nova inflexão desse resultado. Diferentemente do ocorrido no
            ano de 2008, a piora dos resultados fiscais não surge em decorrência de uma crise
            externa; ela é resultante de uma redefinição no direcionamento da política fiscal,


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