Page 247 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Jorge Eduardo M. Simões


            fiscal estadual ativa na geração de superávit primário ao aumento da dívida pública
            no período de 2000 a 2010.
                  Caldeira  et al. (2016), por fim, utilizam dados mensais de dezembro de
            2001 a maio de 2014 e análise de cointegração e de reação fiscal entre resultado
            primário e dívida líquida estadual. Seus resultados indicam sustentabilidade da
            dívida estadual de forma agregada; contudo, apontam que desafios recentes, como
            o afrouxamento fiscal e a redução da atividade econômica, colocam em dúvida a
            sustentabilidade futura.

                  Nesse contexto, fundamentado no quadro teórico desenvolvido por Ostry et
            al. (2010) e Ghosh et al. (2013), este estudo pretende investigar o quão alta pode ser
            a dívida pública dos estados brasileiros sem que estes comprometam a solvência
            fiscal. Para isso, estima-se uma versão não linear para dados em painel de uma
            função de reação fiscal cúbica para o período entre 2000 e 2016, que permite a
            possibilidade de fadiga fiscal. De forma específica, estimam-se o limite da dívida
            e o espaço fiscal de cada estado para além do qual, sem medidas extraordinárias,
                                                                                          16
            a dívida será considerada insustentável. Além disso, serão feitas previsões desses
            limiares para o período 2017-2020, com o objetivo de construir cenários futuros
            sobre o limite da dívida pública e o espaço fiscal.
                  Pretende-se, assim, contribuir para a literatura sobre sustentabilidade da
            dívida pública, corrigindo o problema de superestimação do limite da dívida e do
            espaço fiscal decorrente da suavização das flutuações econômicas. Para contornar
            essa questão, emprega-se o diferencial entre taxas de juros e de crescimento
            econômico, ambas reais, no período atual, sendo a última variável específica de
            cada estado.
                  Posteriormente, aproveita-se o tamanho do painel mais longo, 2000-2016,
            comparado ao período de 2000-2011 utilizado por Bastos e Pineda (2013), para
            capturar possíveis impactos da recessão econômica brasileira iniciada no segundo
            trimestre de 2014, da aceleração da inflação a partir de 2015 e ainda de mudanças
            na legislação sobre as finanças públicas estaduais.

                  Por fim, indo além dos demais estudos nessa área de pesquisa, são fornecidas
            estimativas empíricas sobre o limite da dívida e o espaço fiscal no futuro, por meio
            de cenários (otimista, mediano, pessimista) que proporcionam informações para
            o planejamento da evolução do gasto público e do endividamento dos estados na
            direção da sustentabilidade de suas dívidas públicas.








            16   Como, por exemplo, revisão de dívidas e/ou ampliação do prazo de pagamento.

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