Page 246 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Jorge Eduardo M. Simões


          observações. Os resultados indicam que a política fiscal foi sustentável, com uma
          resposta média do governo consolidado de 0,0096 ponto percentual no superávit
          primário para um aumento de um ponto percentual na relação dívida/PIB.
               Se a literatura sobre sustentabilidade da dívida no âmbito federal é bastante
          produtiva, não se pode dizer o mesmo dos estudos que se referem às unidades
          da federação. Um dos primeiros trabalhos foi realizado por Mora e Giambiagi
          (2005). Com o uso de informações anuais das contas públicas dos estados e da
          relação estoque da dívida/PIB entre 1998 e 2004, os autores concluíram que a
          dívida pública é sustentável na maioria dos estados. Porém, destacam que Alagoas,
          Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo desres-
          peitaram os limites ao endividamento estipulado pela Lei de Responsabilidade
          Fiscal (LRF).

               Utilizando testes de raiz unitária, vetores autorregressivos e cointegração
          em painel aplicados à receita corrente, à despesa corrente e aos juros da dívida
          anual dos estados brasileiros entre 1986 e 2005, Pereira (2008) analisou o endivi-
          damento dos estados brasileiros e do Distrito Federal após a renegociação dos
          passivos estaduais e a implementação da LRF. O autor concluiu que o esforço fiscal
          ultrapassou até mesmo as visões mais otimistas, mas que persistia a preocupação
          sobre as possíveis consequências de um período de baixo crescimento econômico
          e/ou de maior índice de correção monetária, que poderia ocasionar a insustenta-
          bilidade da dívida.

               Já Piancastelli e Boueri (2008) analisaram a evolução da situação financeira
          dos estados brasileiros e do Distrito Federal dez anos depois da renegociação da
          dívida com a União. Os autores constataram por meio da relação dívida/PIB que a
          maioria dos estados conseguiu ajustar suas finanças públicas, promovendo assim
          reformas administrativas com responsabilidade fiscal.

               Bastos e Pineda (2013) estimaram o limite da dívida e o espaço fiscal para os
          26 estados brasileiros e o Distrito Federal, utilizando o referencial teórico de Ostry
          et al. (2010) para o período entre 2000 e 2011. Os resultados sugerem que, após
          uma década de consolidação fiscal, vários estados têm espaço fiscal para endivida-
          mento, mas continuam apresentando entre si uma heterogeneidade significativa.
               Fontenele et al. (2015), por sua vez, analisaram o endividamento público das
          27 unidades da federação brasileira no período de 2000 a 2010, após a implemen-
          tação da LRF, através de testes de raiz unitária de Im, Pesaram e Shin (2003) para
          dados em painel. Os autores argumentam que, exceto para os estados da região
          Centro-Oeste, a dívida pública apresentou um comportamento insustentável no
          período analisado.

               Tabosa  et al. (2016) estimaram uma função de reação fiscal com efeitos
          limiares para dados em painel. Eles reportam que, em média, não há uma política

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