Page 27 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
P. 27

Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini


            pelo menos duas décadas. No presente contexto, ganharam relevância métricas
            que procuram levar em conta outras variáveis que, a exemplo das importações,
            também afetam os compromissos em divisas dos países, notadamente as que dizem
            respeito às transações com capitais (empréstimos, investimentos, depósitos, etc.).
                                                                                           6
                  Entre essas métricas, a mais citada é conhecida como Greespan-Guidotti. De
            acordo com esse critério, as reservas devem ao menos se igualar à dívida externa
            de curto prazo do país, de tal modo que haja garantia de recursos para quitar esse
            passivo, em caso da ocorrência de problemas com o balanço de pagamentos. Há
            ainda a regra chamada Greespan-Guidotti expandida, que deduz da dívida externa
            de curto prazo o saldo das transações correntes do país. A intenção nesse caso é
            avaliar de modo mais amplo os compromissos externos do país no curto prazo.
                  O gráfico 5 abaixo mostra a evolução de dezembro de 2005 a junho de 2017
            das reservas em relação à dívida externa de curto prazo (DCP) do Brasil, que inclui
            também a parcela do passivo de longo prazo que vence nos doze meses seguintes.
            O BCB calcula essa variável, que denomina dívida externa de curto prazo por
            vencimento residual, com dados trimestrais disponíveis a partir de dezembro de
            2005. O gráfico mostra tanto o indicador que inclui as operações intercompanhias
            na dívida externa de curto prazo, opção preferencial do FMI, como o indicador
            sem essa inclusão, alternativa adotada pelo BCB.  Em vista da menor abrangência
                                                            7
            do conceito de dívida, o indicador do BCB é sempre maior que o do FMI. O gráfico
            5 inclui ainda a relação entre as reservas e a dívida externa de curto prazo (inter-
            companhias inclusas), somada ao saldo das transações correntes do Brasil (SCC),
            no acumulado em doze meses. Esse indicador expandido é maior ou menor que o
            restrito, a depender do sinal do saldo das transações correntes. Se houver déficit,
            será menor; se houver superávit, maior.




















            6     Uma lista desses indicadores ou métricas pode ser vista em International Monetary Fund (2016, p. 23-24). Uma aplicação
                desses indicadores ao caso do Brasil pode ser encontrada em Damico e Barbosa (2016).
            7     A distinção advinda da inclusão ou não das operações intercompanhias se deve à natureza híbrida dessas operações,
                algo entre empréstimo e investimento direto, já que tanto credor como devedor integram o mesmo grupo econômico.
                Como o saldo dessas operações relativo a junho de 2017 ainda não está disponível, foi necessário estimá-lo, a partir da
                extrapolação da evolução verificada nos trimestres anteriores.
                                             Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017 25
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32