Page 30 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini
deve-se ao elevado déficit em conta corrente, de US$ 59,4 bilhões, verificado em
2015. Pela mesma razão, países superavitários como China, Tailândia, Coreia do
Sul e Filipinas ganham posições. Vale observar que o déficit em conta corrente do
Brasil caiu para apenas US$ 14,3 bilhões, nos doze meses encerrados em junho
do ano corrente. Se esse déficit tivesse prevalecido em 2015, a sua posição subiria
para a sexta. De qualquer modo, mesmo levando-se em conta que o Brasil não está
na dianteira, não se pode perder de vista que, segundo tais métricas, as reservas
atuais correspondem a pelo menos o dobro do nível considerado adequado.
3.3 Reservas em relação aos meios de pagamento ampliados
Outra métrica utilizada procura levar em conta a possibilidade de saída de
capital por iniciativa dos residentes, fenômeno observado em muitas experiências
de países em desenvolvimento com crises cambiais. Nesse caso, a variável consi-
derada é algum meio de pagamento ampliado que mensure o tamanho dos ativos
líquidos detidos pelos residentes que possam ser rapidamente utilizados para
retirar capital do país. Usualmente, avalia-se que um percentual do agregado
situado em 5% pode ser convertido para esse fim. A métrica é própria para países
com sistema financeiro mais desenvolvido e controle restrito da saída de capital.
O gráfico 7 mostra a evolução das reservas internacionais do Brasil
em relação a 5% e a 10% dos meios de pagamento ampliados, conforme série
divulgada pelo BCB com a denominação de M3. Esse agregado é composto em
9
grande medida pelos meios de pagamento tradicionais, somados aos depósitos
de poupança, títulos de emissão privada, principalmente depósitos a prazo nos
bancos, e cotas dos fundos de investimentos, com a exclusão dos papéis privados
detidos por esses fundos para evitar dupla contagem. 10
9 Utiliza-se a taxa de câmbio livre de compra do dólar americano do final de cada mês para converter o M3 de real para
dólar, tornando-o comparável à unidade das reservas.
10 Optou-se pelo M3, pois, aparentemente, o M3 é o conceito utilizado pelo FMI quando informa os dados dos meios de
pagamento ampliados (broad money) relativos ao Brasil. Quando se converte o M3 informado pelo BCB para dólar, a
diferença em relação ao dado informado pelo FMI não chega a 2% em cada um dos anos do período 2011 a 2015.
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