Page 200 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Cristina Yue Yamanari


               As três agências não afirmam, em suas notas metodológicas, fazer qualquer
          distinção entre países avançados e emergentes. Os critérios não se alteraram
          substancialmente ao longo dos anos; no entanto, recentemente, após a crise finan-
          ceira internacional de 2008, as agências admitem ter efetuado alterações em seus
          processos de avaliação. A Moody’s (2013) passou a atribuir maior importância
          ao crescimento econômico, ao risco de evento e às vulnerabilidades externas.
          A Fitch (2014) informa dar especial atenção à consistência e à sustentabilidade do
          quadro da política macroeconômica, bem como à robustez do setor financeiro, à
          balança de pagamentos e às tendências do nível das reservas internacionais. Já a
          S&P (2014) apoia a calibração geral do critério de ratings soberanos no histórico
          de  inadimplência  dos  governos  e  no  efeito  da  crise  econômica  e  financeira  de
          2008-2009 sobre a qualidade de crédito desses entes.



          2.2 Os determinantes do rating soberano na literatura



               Na avaliação dos determinantes do  rating soberano pelas CRAs, Cantor
          e Packer (1996) concluem que seis variáveis explicam 90% dos ratings das duas
          maiores agências (S&P e Moody’s): renda per capita, crescimento do PIB, inflação,
          dívida externa, se é economia desenvolvida economicamente ou não (classificação
          de país industrializado conforme critério do Fundo Monetário Internacional –
          FMI) e histórico de default desde 1970. Na análise, equilíbrios externo e fiscal não
          eram significativos.

               Afonso (2003) inseriu a variável “gastos do governo central como percentual
          do PIB” na avaliação pelas duas maiores CRAs e concluiu que as mesmas variáveis
          de Cantor e Packer (1996) são determinantes na avaliação do rating soberano.
          Para países em desenvolvimento, a variável de dívida externa era considerada
          essencialmente relevante. O autor estima o modelo com regressão OLS e não
          utiliza logit multinomial pela ausência de quantidade significativa de valores para
          a variável dependente (neste caso, os ratings das CRAs).
               Para Bissoondoyal-Bheenick (2005), os determinantes do rating soberano
          se alteram ao longo do tempo e entre as agências. O autor utiliza um modelo de
          resposta ordenada, diferente para países com ratings altos e baixos. Em comum
          para todos os países, as variáveis de renda per capita e inflação. Para países com
          ratings mais baixos, também importam o balanço de conta corrente e o nível de
          reservas internacionais.
               Jaramillo (2010) faz uma investigação específica sobre os determinantes do
          grau de investimento em mercados emergentes. A autora acrescentou variáveis



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