Page 202 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Cristina Yue Yamanari


               Montes e Oliveira (2016) inserem as variáveis referentes à adoção de
          metas para a inflação, à abertura financeira e à responsabilidade democrática,
          concluindo que todas contribuem para a elevação da nota nas três CRAs, mas
          que as mais relevantes são: crescimento do PIB, PIB per capita, reservas interna-
          cionais, orçamento do governo e dívida externa, sendo quatro das cinco as mesmas
          indicadas por Cantor e Packer (1996). Os autores utilizam um modelo dinâmico
          para dados em painel (D-GMM e S-GMM), preferível por eles ao método OLS por
          eliminar os efeitos não observáveis das regressões, além de ser confiável mesmo
          em casos de variáveis omitidas.

               Amstad e Packer (2015) fazem uma comparação entre os critérios consi-
          derados  pelas  CRAs  antes  e  depois  da  crise  financeira  internacional  de  2007,
          avaliando a alteração dos pesos atribuídos a fatores macroeconômicos, como
          endividamento e acessibilidade da dívida, em relação a ratings soberanos emitidos.
          Os autores concluem que variáveis quantitativas ganharam maior importância e
          não encontram evidências para afirmar que países emergentes sejam avaliados de
          forma mais severa do que países avançados.
               Após a crise financeira de 2008, é possível notar alterações nas regras adotadas
          pelas CRAs – com maior foco nas vulnerabilidades externas, na situação fiscal e
          nos indicadores de governança –, que se refletiram na modificação das variáveis
          explicativas utilizadas pelos autores em suas análises. No entanto, mesmo com o
          aumento da transparência percebido nas publicações das CRAs, grande parte da
          literatura permaneceu utilizando os mesmos critérios pré-crise, sem incorporar as
          novas informações divulgadas pelas agências.

               Na revisão de literatura realizada foram identificadas 143 variáveis macro-
          econômicas consideradas como potenciais determinantes nos nove artigos anali-
          sados ou como determinantes nos critérios publicados pelas agências. Desse total,
          a maioria – 60% – não é adotada pelas CRAs em suas notas metodológicas nas
          avaliações de ratings soberanos.
               Uma outra falha identificada na literatura é a metodologia aplicada pelos
          autores para a identificação dos determinantes do rating soberano. Ao contrário do
          que usualmente acontece no estudo de reprodução da realidade, quando é neces-
          sário descobrir as técnicas econométricas que a simulam melhor, a metodologia
          ideal é conhecida: é a efetivamente utilizada pelas agências – ainda que existam
          outros métodos mais sofisticados.

               Dentre as três agências, a Fitch é a única que abertamente expõe os critérios
          e pesos das variáveis estimadas por meio de regressão OLS, o que a torna o melhor
          parâmetro a ser seguido na investigação dos determinantes. Ainda que outras
          técnicas obtenham resultados similares aos descritos pela Fitch, não se poderia
          afirmar a existência de causalidade nas relações.


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