Page 37 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Rafael Barros Barbosa
3.3 Análise de robustez
Nesta subseção serão apresentadas diferentes análises para verificar a
robustez e a sensibilidade das conclusões obtidas com o SVAR principal. Dois
aspectos serão analisados. Primeiro, mudanças na especificação do SVAR alteram
os resultados obtidos? Segundo, a adoção de estratégia alternativa de identificação
do efeito causal modifica as conclusões do SVAR?
Em relação ao primeiro aspecto, quatro diferentes especificações serão consi-
deradas: estimação de um modelo Favar, outras medidas de incerteza, mudança da
ordem das variáveis e mudança de variáveis endógenas. Todas as funções impul-
so-resposta decorrentes dos exercícios de robustez sobre o SVAR são apresentadas
na figura 17, no apêndice A. Já para o segundo aspecto, será estimado um modelo
de projeção local que utiliza uma variável instrumental para identificar o efeito
causal da incerteza sobre os resultados fiscais.
3.3.1 Mudança de especificação do SVAR
a. Outras medidas de incerteza
A escolha do EPU como medida principal de incerteza deve-se a algumas
características particulares definidas anteriormente. Todavia, outras medidas
podem ser consideradas. Avaliar se as mesmas conclusões podem ser obtidas com
essas outras medidas permite verificar se o resultado obtido com o EPU não é
decorrente da escolha desse índice.
Estimou-se a função impulso-resposta das variáveis fiscais em resposta a um
choque de incerteza medido pelo Ibov e pelo IIE-BR. No caso do IIE-BR, o modelo
VAR é estimado entre 2000.01 e 2016.12, totalizando 204 observações. Essas
funções impulso-resposta estão nomeadas como “ibov” e “iie-br” na figura 17.
Os resultados obtidos com essas outras medidas não mudam significativa-
mente. O efeito imediato do choque de incerteza sobre a receita, em ambos os
casos, é negativo e duradouro. Quanto ao IIE-BR, a recuperação após o choque é
mais rápida do que o previsto pelo EPU e pelo Ibov.
Em relação à despesa fiscal, o impacto do choque é negativo e converge
rapidamente (dois trimestres) ao se utilizar o Ibov como medida de incerteza.
Para o IIE-BR, o impacto sobre a despesa é menor, porém o efeito do choque é
mais prolongado.
Quanto às transferências, o comportamento persistente do choque é corro-
borado nas três medidas de incerteza. Todavia, o efeito imediato do choque de
incerteza é positivo com o IIE-BR.
Finanças Públicas – XXIII Prêmio Tesouro Nacional – 2018 35