Page 134 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Equilíbrio e Transparência Fiscal – Dayson Pereira Bezerra de Almeida
magnitude do choque em 22% do valor de equilíbrio dos parâmetros em questão,
adotando-se como paradigma o momento pré-reforma trabalhista.
5 Resultados
Neste capítulo comentam-se os resultados da simulação empreendida com o
uso do modelo descrito no capítulo anterior. Os impactos decorrentes da reforma
trabalhista sobre variáveis econômicas de interesse, como taxa de desemprego,
PIB, inflação e juros foram estimados a partir da utilização de modelo DSGE em
que o mercado de trabalho é descrito pelo mecanismo de search and matching.
As conclusões alcançadas são objeto da primeira seção adiante. A seção posterior
dedica-se a um exercício de avaliação dos impactos fiscais advindos da reforma
trabalhista, utilizando como insumo a magnitude do choque sobre o desemprego,
conforme estimada pelo modelo DSGE.
5.1 Impactos econômicos
A figura 1 (ao final do capítulo) ilustra os efeitos de uma queda permanente
no poder de barganha do trabalhador e nos custos por vaga anunciada pela firma.
A economia experimenta uma transição entre o estado anterior à reforma e o
novo equilíbrio. No longo prazo, verifica-se aumento do PIB e do número de vagas
anunciadas, bem como redução de desemprego, juros e inflação.
A diminuição no poder de barganha do trabalhador reduz o salário real e,
consequentemente, os custos para a produção. Isso incentiva a criação de postos de
trabalho, diminuindo o desemprego e elevando o produto agregado da economia.
O aumento na demanda por trabalho promove a recuperação do salário real ao
nível pré-reforma. Estima-se queda de 3 p.p. na taxa média de desemprego e
elevação de 0.7 p.p. no PIB de equilíbrio, ou produto potencial, no horizonte de
dois anos – valores em linha com resultados obtidos em estudos realizados para
outros países (CACCIATORE; FIORI, 2016; ANAND; KHERA, 2016).
Após ligeiro salto imediatamente após o choque estrutural decorrente da
reforma – explicado pela rigidez de preços e pelo comportamento otimizador
das famílias, que suavizam o repasse da perda salarial para o nível de consumo –
inflação e juros seguem trajetória benigna, estabilizando-se em níveis inferiores
aos observados no equilíbrio anterior, à semelhança das conclusões alcançadas por
Cacciatore, Duval e Fiori (2012). A queda nos custos de produção reduz inflação e
132 Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017