Page 37 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
P. 37

Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini


                               4 Custo de carregamento

                              das reservas internacionais





                  As reservas acarretam benefícios e custos para o país que as detém. Parte
            dos benefícios decorre do já comentado ganho com a blindagem do país contra os
            efeitos perniciosos de crises no balanço de pagamentos. O problema desse compo-
            nente é a dificuldade em quantificá-lo. É possível supor que os acréscimos desse
            benefício sejam decrescentes com o aumento no nível de reservas, até se tornarem
            nulos. Esse deve ser o caso quando as reservas estiverem muito acima do nível
            adequado fornecido pelas métricas disponíveis. Nessa situação, a análise pode
            ficar restrita aos custos e benefícios quantificáveis sem maiores distorções, desde
            que sejam avaliados a partir do nível adequado de reservas.

                  Feito esse comentário, cabe analisar os benefícios quantificáveis e os custos
            decorrentes da posse de reservas.



            4.1  Rendimento das reservas internacionais


                  O componente quantificável dos benefícios são os rendimentos da aplicação
            das reservas no sistema financeiro internacional. Assim como as reservas, esses
            rendimentos são originalmente denominados em dólar. São em boa medida
            determinados pela taxa de juros internacional, especialmente em um horizonte de
            prazo mais longo, já que, no curto prazo, os rendimentos estão também sujeitos a
            outros fatores.
                  O Relatório de Gestão das Reservas Internacionais divulgado anualmente
            pelo BCB fornece dados importantes sobre a gestão das reservas do Brasil.  No
                                                                                       18
            período 2006 a 2015, foram aplicados de 71,8% a 91,2% do saldo total em papéis
            soberanos (de emissão de governos de países desenvolvidos) e, de 77,4% a 90%,
            em ativos denominados em dólar, com prazo médio da carteira entre 1,6 e 3 anos.
            Portanto, a gestão foi bastante conservadora em todo o período, o que resultou em
            risco baixo, mas em rendimento também baixo, sobretudo levando-se em conta a
            trajetória da taxa de juros internacional, como se verá adiante.
                  O gráfico 12 abaixo mostra a evolução do rendimento, como percentual
            das reservas internacionais do Brasil, em dólar, no acumulado em doze meses.
            O gráfico cobre o período que vai do final de 2005 até junho de 2017 e, portanto,



            18   Esses relatórios podem ser encontrados em: <https://www.bcb.gov.br/?id=GESTAORESERVAS&ano=2016>.
                                             Finanças Públicas – XXII Prêmio Tesouro Nacional – 2017 35
   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41   42