Page 41 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini


                  Como seria de se esperar, o custo de carregamento acompanhou os ciclos de
            alta e baixa da Selic decididos pelo Comitê de Política Monetária (Copom), com
            o intuito principal de levar a inflação para o centro da meta. De 19%, ao final de
            2005, o custo de carregamento caiu continuamente para cerca de 12%, ao final
            de 2007, mantendo-se entre 9% e 12% até meados de 2012. Reiniciou então novo
            ciclo de queda até chegar a 8% ao final de 2013. Daí em diante, a trajetória foi de
            aumento, culminando nos 14% ao longo de 2016. No ano corrente, o custo tem
            caído por conta das reduções na Selic promovidas pelo Copom. Em junho, o custo
            chegou a 12,9% e deverá cair ainda mais até o final do ano.

                  É nítido no gráfico que o custo de carregamento líquido das reservas foi
            positivo em praticamente todo o período considerado. A forte queda até 2007 se
            deveu ao efeito conjugado do aumento do rendimento das reservas e da redução
            da Selic. A tendência após isso foi o persistente aumento do custo líquido, primei-
            ramente por conta da redução do rendimento e, depois, também por causa do
            aumento da Selic. Registre-se em particular o aumento a partir de 2013, quando
            se iniciou novo ciclo de aumentos na Selic, ao mesmo tempo que a taxa de juros
            internacional se manteve em seu patamar ineditamente baixo, o que aproximou
            bastante as trajetórias do custo e do custo líquido.

                  Até agora, os custos e os rendimentos das reservas foram expressos em
            taxas. Cabe agora mostrar os valores dessas variáveis. Esses valores usualmente
            são expressos em percentual do PIB para que possam ser relativizados em função
            do tamanho da economia. O gráfico 14 abaixo mostra as mesmas variáveis dos
            gráficos 12 e 13, mas agora retratadas como proporção do PIB, no acumulado dos
            doze últimos meses. Por isso, quando se comparam esses gráficos, os movimentos
            das curvas são similares, dispensando a necessidade de explicá-los novamente.
            O relevante aqui é observar a evolução do tamanho dos custos e do rendimento
            das reservas, que é o mais importante quando se trata de contas públicas.

                  De acordo com o gráfico, constata-se que o custo de carregamento ficou
            a maior parte do tempo entre 1% e 1,5% do PIB, mas no biênio 2015-2016, o
            custo avançou para mais de 2,5% do PIB. Além da já apontada correção da Selic,
            contribuiu para esse evento a desaceleração do aumento nominal do PIB, como
            decorrência da acentuada queda real dessa variável no referido biênio. Já as
            reduções da Selic iniciadas ao final de 2016, somadas a um desempenho menos
            sofrível do PIB, levaram à redução do custo para 2,3% do PIB em junho de 2017,
            com tendência de queda, como se verá.

                  É possível ver também que o fraco desempenho do rendimento das reservas
            nos últimos anos fez com que o custo de carregamento e o custo líquido caminhassem
            praticamente juntos até chegar ao patamar atual de cerca de 2,3% do PIB.





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