Page 45 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini




                  Percebe-se pelo gráfico a intensidade das mudanças do custo de carrega-
            mento líquido impostas pela variação cambial. É emblemático nesse sentido o
            ocorrido de meados de 2014 a meados de 2016, período em que se observou forte
            desvalorização cambial, seguida de reversão de parte da desvalorização anterior.
            Com isso, em 2015, o custo de carregamento líquido, com variação cambial, foi
            negativo (isto é, houve ganho) em 4,8% do PIB (em setembro chegou a 6,9% do
            PIB), enquanto, em 2016, esse custo chegou a 6,2% do PIB positivos. Diante desse
            quadro de instabilidade, é difícil antever ao certo qual será o custo de carrega-
            mento das reservas. Essa é uma variável-chave para se decidir ou não pelo uso de
            parte das reservas para apoiar a política de controle do endividamento público.
            Quanto maior o custo, maior o incentivo a utilizar as reservas para esse fim e
            vice-versa.
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            4.4  Custo de carregamento líquido e custo das operações de swap cambial



                  O BCB aumentou enormemente as operações de  swap cambial com o
            mercado de 2013 a 2015. Diante do tema ora tratado, cabe investigar como essa
            política impacta a análise da evolução das reservas e seu custo de carregamento.

                  As operações de swap cambial consistem na troca de risco e rentabilidade
            de  um  determinado  valor  (valor  nocional),  durante  o  período  especificado  no
            contrato, usualmente alguns meses. Nas operações que o BCB realizou nos últimos
            anos, ele se comprometeu a pagar a desvalorização cambial do período contratado,
            mais juros (cupom cambial), enquanto o mercado se comprometeu a pagar a Selic.
            Os acertos são feitos diariamente, em dinheiro, de acordo com a diferença. Se a
            soma da desvalorização cambial com o cupom cambial for maior que a Selic no
            período, o BCB paga ao mercado a diferença; se for menor, o mercado paga ao
            BCB a diferença.
                  Como se pode ver, a operação serve para transferir o risco cambial para
            o BCB, sendo útil para os que possuem compromisso em dólar. Como seria de
            se esperar, a demanda por essas operações aumentou com a maior incerteza em
            relação à taxa de câmbio e à perspectiva de desvalorização cambial, a partir de
            meados de 2013. O valor nocional dos contratos passou de R$ 4,2 bilhões ao final
            de 2012 para R$ 175,4 bilhões em 2013, R$ 285 bilhões em 2014 e R$ 426,8 bilhões



            24   Mesmo que o custo líquido, com variação cambial, tenda a zero ao longo do tempo, há que se considerar a instabilidade
                gerada nas finanças públicas por tal oscilação da taxa de câmbio. As regras que regem as transferências dos resultados
                do BCB para o Tesouro também não ajudam. Ver a respeito o Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal
                Independente (IFI) relativo a abril de 2017, p. 18-32 (<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529486/
                RAF_abr17_pt3.pdf?sequence=10>).
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