Page 44 - XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017
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Tema – Dívida Pública e Concessão de Garantias – Josué Alfredo Pellegrini


               Antes de meados de 2011, é fácil perceber que em grande parte do tempo a
          variação do câmbio não apenas não compensava o custo líquido, como se somava a
          ele para tornar ainda mais custosa a política de acumulação de reservas.  Vale dizer,
                                                                             23
          nesse período, além do custo de carregamento superar o rendimento das reservas
          em dólar, a valorização cambial diminuiu o valor em real das reservas. Entretanto,
          de meados de 2011 em diante, na maior parte do tempo, a desvalorização cambial
          compensou integralmente o custo líquido de carregamento das reservas.

               Em relação ao ano em curso e aos anos futuros, o que se pode afirmar com
          boa dose de certeza é que o custo de carregamento continuará acima do rendi-
          mento das reservas. Mesmo que se considerem as reduções da Selic promovidas
          pelo Copom, ainda não há sinais evidentes de que a taxa de juros internacional
          subirá muito acima do seu atual patamar ineditamente baixo. Entretanto, o
          custo de carregamento líquido das reservas, consideradas as variações cambiais,
          dependerá em grande medida do que acontecerá com a taxa de câmbio.
               O gráfico 16 abaixo mostra o custo de carregamento líquido das reservas,
          com e sem a inclusão da variação cambial, como percentual do PIB, no acumulado
          dos últimos doze meses. A curva sem variação cambial já foi analisada nos comen-
          tários ao gráfico 14. Vale agora compará-la com a curva que inclui a variação
          cambial. Essa curva reflete os movimentos da taxa de câmbio, embora o tamanho
          do custo que informa dependa também do custo de carregamento líquido.


                     Gráfico 16 – cUsto de carreGamento líqUido das reservas























          Fonte: Banco Central do Brasil.


          23   O elevado custo verificado até meados de 2011 ilustra bem o duplo impacto que a acumulação de reservas exerce sobre
             a dívida pública. Em um primeiro momento, o endividamento sobe, pois, conforme visto, as aquisições são financiadas
             por meio do aumento do saldo das operações compromissadas. Nesse momento, a dívida bruta aumenta, mas não a
             líquida, pois há elevação das reservas. No segundo momento, porém, entra em ação o custo de carregamento das reservas
             que também é financiado com aumento da dívida pública. Nesse caso, tanto a dívida bruta como a líquida sobem, pois
             não há contrapartida em aumento de ativo.
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