Page 210 - XXIII Prêmio Tesouro Nacional 2018
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Tema – Equilíbrio, transparência e planejamento fiscal de médio e longo prazo – Cristina Yue Yamanari


          4.3 Fatores fiscais


              IX    Endividamento (dívida bruta geral do governo, % PIB) (-): Utilizado
                    pela Fitch, Moody’s e S&P. Apesar de a carga da dívida não ser condi-
                    ção suficiente para uma eventual inadimplência, a informação é neces-
                    sária para a análise da sustentabilidade da dívida do país. Um alto nível
                    de endividamento prejudica a solvência do soberano. Por outro lado, um
                    baixo nível não significa, necessariamente, condições de crescimento;
                    ele pode refletir a dificuldade no acesso a financiamentos, em vez de
                    flexibilidade fiscal. A Fitch (2016) ressalta que um alto nível de endivi-
                    damento, mantendo-se tudo o mais constante possível, pode levar a ris-
                    cos mais altos de default. No entanto, não há uma relação linear simples
                    entre o estoque de dívida do soberano e a qualidade de seu crédito, uma
                    vez que a sustentabilidade da dívida varia entre países e ao longo do
                    tempo. Na opinião dessa CRA, esse índice é a medida mais importante
                    e abrangente de endividamento soberano e a que melhor se aplica na
                    comparação entre países. A S&P (2014) considera que o endividamento
                    é afetado ainda pelas características do mercado de capitais doméstico e
                    pela credibilidade conquistada em períodos de estresse. Para a Moody’s
                    (2015a), a carga da dívida é o ponto de partida para a análise da saúde
                    fiscal do soberano.
              X     Acessibilidade da dívida (pagamento de juros, % receitas) (-): Utilizada
                    pela Fitch, Moody’s e S&P. Um volume muito alto de juros da dívida
                    pode levar ao aumento de déficits fiscais e, com o direcionamento de
                    grande parte da receita para o pagamento de juros, comprometer ainda
                    os gastos de capital. Isso pode reduzir o direcionamento de recursos para
                    investimentos e comprometer o crescimento econômico do país, além de
                    limitar a flexibilidade do soberano no gerenciamento de suas finanças. A
                    Fitch (2016) julga que o custo da dívida é uma das variáveis-chave para
                    a análise de sustentabilidade, auxiliando na determinação da trajetória
                    do endividamento do soberano. Na avaliação da Moody’s (2015a), mais
                    de um terço das inadimplências ocorre como resultado de desequilíbrios
                    fiscais e externos, que resultam em uma carga insustentavelmente alta.


          4.4 Fatores externos



              XI    Saldo em conta corrente + investimento direto estrangeiro – IDE (%
                    PIB) (+): Fitch e Moody’s utilizam as variáveis numa análise conjun-
                    ta, considerando que grandes e persistentes déficits em conta corren-
                    te podem levar a um acúmulo de dívida externa – a menos que sejam


          208   Finanças Públicas – XXIII Prêmio Tesouro Nacional – 2018
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